Trocas deverão ocorrer após o mês de maio; secretário afirma que processo será feito de forma a evitar filas intermináveis
O secretário municipal de Transportes, Sergio Avelleda, anunciou nesta quinta-feira, durante reunião do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte, que todos os cartões de bilhetes únicos em poder dos usuários de ônibus, trens e metrô terão de ser trocados por cartões novos.
Ele estima que a troca comece ainda neste ano, após maio, mas garante que o processo será feito “com tempo” para evitar filas e tumultos em postos de atendimento. A estimativa é que a cidade tenha 15 milhões de bilhetes ativos (usados no último ano), mas o total de bilhetes emitidos até hoje, e que podem ter créditos, é da ordem de 30 milhões, ainda de acordo com o secretário.
O motivo é a constatação de que os códigos de segurança dos cartões foram quebrados e que golpistas estão fazendo recargas clandestinas nos cartões. A troca dos bilhetes é para combater as fraudes no sistema.
O secretário explicou que a Prefeitura já havia adquirido, no ano passado, um novo software para administrar o comércio de créditos do bilhete único, mas que o processo de instalação e de testes está atrasado. Só deve ficar pronto em maio. Quando os sistemas estiverem com sinal verde, terá início a etapa de troca dos cartões, por um modelo com códigos de segurança mais fortes.
“Toda a plataforma tecnológica será trocada por outra. O que a gente pode assegurar é que não haverá uma troca no curto prazo a ponto de gerar filas intermináveis e causar transtorno à população. Isso será ao longo do tempo. A estratégia vai ser elaborada mais para a frente. O software só chega em maio e provavelmente vai ter um período de testes longo”
Os técnicos da SPTrans ainda não conseguem estimar o total de valores desviados por meio da fraudes no sistema, que é bilionário — pelo bilhete único, circulam cerca de R$ 18 bilhões por ano. Embora já haja comprovações de que é possível recarregar o cartão com créditos que não vieram da SPTrans, a equipe da Prefeitura não tem como saber, apenas avaliando o sistema, quais são os cartões carregados ilegalmente.
A equipe também ainda não consegue responder se, da mesma forma que os clandestinos conseguem criar créditos fantasmas, a série de empresas que trabalham com a venda de créditos também poderia fazer operações ilegais.
Concessão. A troca dos cartões foi divulgada enquanto o prefeito João Doria (PSDB) está no Oriente Médio, buscando atrair investidores, e colocando a concessão do bilhete único como um dos possíveis negócios. Doria anunciou o banco de dados do bilhete único e a possibilidade de vendas cruzadas.
O secretário de Desestatização, Wilson Poit, disse na semana passada que a concessão do bilhete teria os bancos como possíveis interessados, primeiro porque os cartões poderia ampliar a base de clientes das instituições. Segundo que, assim como marcas de roupas, os cartões de ônibus poderiam ter agregados a eles bandeiras de cartões de crédito, por exemplo, e serem usados no comércio regular.
Segundo Avelleda, “se assinarmos o contrato de concessão, a responsabilidade da troca dos cartões será da concessionária”. O secretário afirmou que o investimento na reformulação do sistema já vinha acontecendo, assim ele não vê razão para suspender a ação por causa da possível privatização.
“Encontramos um contrato em execução e praticamente concluído. Não tem porque desprezar todo o investimento feito e não concluir. O concessionário vai decidir se fica com a plataforma nova ou se substitui. Ele poderá encontrar uma plataforma atualizada tecnologicamente e aí avançar”, disse.
“A licitação para a concessão do bilhete está na fase de estudos. Vamos ter audiência pública. Tem um edital muito complexo para ser publicado, não é uma coisa que se faça de uma semana para outra. Estamos trabalhando para atualizar o sistema e o concessionário ou recebe esse sistema atualizado e faz a troca (de cartões) ou já encontra com o cartões trocados e decide se fica com essa tecnologia ou se atualiza”, concluiu.
As falhas do bilhete único, que permitem a recarga fraudulenta, são conhecidas pelo menos desde 2012.
Fonte: Estadão