Acidentes com vítimas na capital paulista registraram queda de 10%, em comparação com 2014
Por: Eduardo Athayde
eduardo.athayde@diariosp.com.br
Os acidentes de ônibus com vítimas na capital paulista registraram queda de 10%, segundo dados da SPTrans (empresa que gerencia o transporte municipal). A redução é vista quando comparada à quantidade de ocorrências do tipo entre janeiro e setembro de 2014 com o mesmo período deste ano.
Segundo a gestão de Fernando Haddad (PT), nos nove primeiros meses de 2014 ocorreram 1.115 acidentes e 527 atropelamentos. No mesmo período deste ano foram 1.040 e 425, respectivamente.
Quando analisados os acidentes em geral, como, por exemplo, uma ralada na lataria do veículo, os dados também apontam uma diminuição.
De acordo com a SPUrbanuss (sindicato que representa os donos das viações), no primeiro semestre de 2013 as empresas concessionárias registraram cerca de 5 mil acidentes de todos os tipos. No mesmo período de 2014, o total de casos caiu para 4,7 mil, o que equivale a uma redução de 6%.
Ainda conforme a entidade patronal, os registros das concessionárias também apontam que 70% dos acidentes envolvendo os veículos do transporte urbano não são de responsabilidade dos operadores (motoristas ou empresas) e ocorreram por causas divergentes, sendo a maioria delas a imprudência de terceiros.
“Houve uma melhora no transporte público municipal, com a expansão da implantação dos espaços de circulação exclusivo para os ônibus, como as faixas e corredores. Porém, é preciso zerar esses números”, disse o diretor de comunicacão da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Dirceu Rodrigues Alves.
A SPTrans atribui a queda a curso preventivos ministrado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública junto ao Instituto de Criminalística da Polícia Científica em São Paulo.
“Caso seja comprovado que o motorista não dirigia defensivamente, ele é afastado preventivamente da operação e bloqueado no Cadastro de Operadores”, informou. Além disso, “o motorista só poderá voltar a conduzir novamente após reciclagem no curso de Direção Defensiva.”
Mesma razão aponta a SPUrbanuss para a melhora nos dados. “Todos os motoristas passam, obrigatoriamente, a cada seis meses, por treinamento intensivo”, disse o sindicato.
Multas a coletivos também diminuiu 10%
Segundo a SPTrans, em 2015, entre janeiro e setembro, foram registradas 79.338 multas às operadoras do sistema municipal de transportes, ante 88.184 autuações no mesmo período do ano anterior, o que equivale a uma redução de 10%.
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SPTrans atribui queda a contato com viações
De acordo com a SPTrans, a diminuição de infrações “é resultado de um amplo programa implantado pelo órgão e que desenvolve ações como realização periódica de reuniões entre a empresa gestora e representantes de cada empresa, apresentação de dados estatísticos e relatórios de acompanhamento.”
Apesar da queda, batidas ainda assustam usuários
Em 24 horas, dois ônibus se envolveram em acidentes na capital. Na segunda-feira, um coletivo bateu em um poste na Rua Paulo Faria, Tucuruvi, Zona Norte. O motorista ficou levemente ferido. Na terça-feira, um outro ônibus também colidiu em um poste, na Avenida Roque Petroni Júnior, Zona Sul. Não houve feridos.
Segundo a própria SPTrans, a capital registra um acidente de ônibus a cada 54 mil quilômetros percorridos pela frota.
Na avaliação de Valdemir de Jesus, integrante da diretoria do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de São Paulo, a queda nos acidentes envolvendo ônibus em 2015 tem como uma das razões o trabalho de conscientização desenvolvido pela entidade dentro das garagens.
“A gente aumentou o trabalho de panfletagem, de boca a boca, de aprendizado do motorista sobre a maneira correta de dirigir. Os efeitos estão começando a surgir agora”, afirmou.
Apesar dos números positivos, os motoristas enxergam com ressalvas as melhorias na segurança ao dirigir. Há seis meses, Antônio Liberato de Almeida, de 59 anos, conduz um biarticulado de 23 metros de comprimento e três metros de largura, que liga a Freguesia do Ó, Zona Norte, à Barra Funda, Zona Oeste. Para ele, o tamanho do ônibus é uma das principais dificuldades no dia a dia. “Muitas vias ainda não estão preparadas para receber um ônibus tão grande. Preciso dirigir com a minha atenção redobrada”, afirmou.
Disputa com táxi/ Para o motorista Rodrigo Máximo, 30, que dirige um ônibus que faz uma linha que liga Perus, Zona Norte, a Barra Funda, Zona Oeste, as faixas e corredores de ônibus ajudaram na redução de acidentes, mas a presença de táxis em determinados horários do dia no espaço exclusivo atrapalha a fluidez dos coletivos e eleva os riscos de acidentes.
“A maioria dos taxistas fazem o que querem sem se preocupar com as consequências. A faixas e corredores deveriam ser absolutamente exclusivas para os ônibus”, defendeu.
Fonte: Diário de São Paulo